quarta-feira, 9 de junho de 2010

Metade, meio, seis.


A gente segue nessa estrada, onde não entendemos nada, mas vemos alguma luz no fim do túnel. O caminho do fim demora? Tortura, isso sim. Vai fechando o cerco, afunilando e nos debatemos, movemos com força e rapidez, com total intenção de sair desse mundo, de qualquer planeta, dessa situação, sem pé nem cabeça. E do sentimento, claro. É lógico. A mais amarga das partes: aquela em que a gente é quase que obrigados a apartar a guerra interna que é querer e não poder, retirar os pingos de lembranças, de possíveis ex-futuras-felicidades. Anda complicado. E eu rezo, releio livros em que conheço íntima as falas, personagens e frases, e nada muda. O pior, é que continua tudo igual, no lugar. Como se, quem tivesse errada, era eu. Eu, e meu sentimentalismo doentio. Eu, e a minha força na crença de amor, de reciprocidade, e de sonhos concretizados. A gente se pergunta, como entrou nesse túnel escuro, e agora sombrio, e lembra que, já foi um tobogã de flores brotando, cheio de sândalo e rosa, vermelho, roxo. E não existem respostas. Nos resta seguir, e continuar com fé, vivendo do ócio e do ofício. Do pão e do vinho. Das felicidades dos próximos. E esvaziando, retirando, limpando. Purgando. Assim, no gerúndio, que é pra continuar pelo menos em movimento. Porque parar tudo, não é o jeito. Não dá, e piora.
E então a gente escuta no rádio, e revê o calendário: é Junho. É meio do ano. Metade do caminho. Como num rio, onde ficamos no meio da ponte - há ainda a parte desconhecida do caminho, e a expectativa em chegar ao novo. Abrimos bocas, estralamos os dedos, viajamos em pensamento: espanto é conseqüência. Começo do sexto mês. Seis, de doze. Numa fração, cortaríamos e dividiríamos por dois, restando ainda, um sexto. E lembramos do vestido vermelho e bolinhas brancas, a cadeira de praia, fogos de artifício e lágrimas - ano novo. Tim tim, um brinde. Eu chorei, e depois ri. De tanto que pedi novidade. Tamanha a minha fome de vida. E foi uma noite feliz. O verão rápido. Corpo dourado e esguio, paz intocável. Muita gente a conhecer. Conheci. Alguns, reconheci. Revi. Nunca fui tão família. E acho que, nunca gostei tanto desse mutação. Tive meus momentos lindos, mais compreensão na vida. Alguns laços foram refeitos; outros, cortados para (quase) sempre. Aprendi assuntos burocráticamente detestáveis. Fugi de tudo isso, e pretendo me reencontrar nas minhas metas. Fiz algumas amizades, tão duradouras quanto faíscas - porém intensas, e necessárias. E já foi metade. Meio. Ainda nos resta cinquenta por cento de chance de acertar no que erramos, aparar as arestas do que nos é vital, consertar qualquer cano entupido, bonequinho de corda. Coloca mil roupas para aquecer, quando anos, dormia seminua. E sabe que, quando piscar os olhos, mais seis meses terão ido. Escorrido entre os dedos, dobrados as esquinas. Ficado em cada beijo não dado, abraço apertado, olhares cúmplices, e verdades não ditas. Lembranças, momentos. E então, nostalgia. Como talvez sinto agora. E passa, passa. Porque daqui há seis meses, estarei possívelmente de branco e calcinha vermelha, estourando outra champagne, e fazendo as resoluções pros próximo doze ciclos - ou quem sabe, seis. Metas menores, são sempre mais alcançáveis. Comecemos pelo pouco, para compreender o grande, o enstusiamos; quando quem sabe, fora a ver dele para nos visitar. Pego caneta e papel, e anoto, para ficar no mural vermelho que acordo, e às vezes, olho: uma tatuagem, doar sangue, alguém pra não me entediar, e saúde pra mim e meus queridos. Começa o tempo mais importante das nossas vidas! 3...2...1...Já!

[Camila Paier] http://calmila.blogspot.com/

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